terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Minha regularidade é a loucura



Felicidade. É uma palavrinha grande e nojenta. Cobiçadíssima! Daí a facilidade com que escorrega feito dinheiro em rua com brisa.

Flor estava ali, perdendo-se em pensamentos que não a levariam a nada, a não ser... Claro! Pensando como ser feliz, ela estava perdendo tempo presente, a hora de ser feliz.

“Minha loucura é a regularidade”, pensou. A minha regularidade, o meu padrão. Achar alguém que aceitasse sua loucura. Leu acima de si mesma, numa ideia lampejada, fatal. Queria florir-se e ser amada por desvairar-se. Em plena terça-feira de um carnaval vazio, eis que o tarot virtual lhe apresentava a carta que sempre sempre a assoprava. "As pessoas falam porque estão viciadas em certezas e seguranças", apregoava. Sim. O desconhecido, que era um encanto, sussurrou ao ouvido. Sentiu sob uns pés empoeirados de casa, um abismo, no qual quis pular, afundar, sem ter ar, flutuar. "Ponha sua vida em movimento", ordenava a leitura da carta. Que carta! Uma mensagem limpa, clara e louca. A alegria era a vigília da loucura. Abriu o bloquinho onde escrevia momentos, ali, perto da máquina interligada. Pontuou.

Cor - laranja
Encanto - ele...

E parou ali. Por que tinha um coração assim pregador? Por quê? Pensou em ligar. Pensou em pensar. Descansou. Foi deitar e teve ele de encanto. Satisfeita, voltou para a rede. Aquela rede com milhares, e sem nenhum. “Ser feliz até onde der”, leu numa imagem boba, que logo desceu céu abaixo. Então era até acolá. Amanhã acordaria mais louca, teve certeza. Só restava esperar.


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