sábado, 31 de março de 2012

Romance

1. A vista

Aquele perfil de moça lhe explodira algum órgão interno. Podia dizer, que ela era uma gatinha. Não, não. Podia dizer que ela era esplêndida. Já conhecera suas andanças, mas era a segurança com que o ignorava que mais atraia. Resolveu. Teria de tentar uma aproximação exata, fatídica. Olhou-a por tantas vezes, que o cansaço de olhá-la a tornava mais bela e inalcançável. Tirou de si um medo que desconhecia. Quis guardar o medo ou escondê-lo, mas não havia nenhum tapete por perto. E foi, quase seguro. O tempo ali meio parado, ela virada, ele trôpego por dentro.


2. A inércia

Quando ele inventou de alcançá-la, viu-a sentar-se. Pensou-se lento, parou e ficou estático, morno. Admirava-a, sim, mas de canto de olho, vez por outra. Eram segundos de alegria, que iam-se repetindo. Não lembrava que tinha um coração até que ele batesse tanto, como naquele momento. E o medo estava a esganá-lo, segurando fortemente sua garganta. Quase soltou um pigarro, mas nem mexer-se era possível. O sangue corria dentro dele e o lembrava que ainda estava vivo. Aquela cena não era sonho. E era. Estava quente e ela terna, de longe. Tremeu.


3. A rabissaca

Quando deu por si, já estava andando a enfrentar todo aquele charme. Diz que, a gata deu rabissaca. Não, só estavam a chamando do outro lado da sala. E ele mais perto. Arrodeou a morena, e viu seus olhos que tão grandes estavam por tê-lo à frente. Ela semi-abaixou a cabeça.


4. Ela

Ai, que aquela vista o enterneceu. Poderia guardar em retrato, memória, aquele rosto. Beleza não era coisa humana. Ela não era humana, era mais. Era marcante, forte, intensa. Toda felina.


5. A lição

Ele não se aguentou. E quando ela virou-se, lascou-lhe uma bitoca explícita. Assustada, não teve como revidar. Ela o encarou. E o seu olhar explicou tudo. Ele entendeu que não poderia ter feito aquilo. Ela não era dele. Era dela mesma. Sentiu vergonha de si próprio, recuou e partiu.


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