segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Tinha biscuits cheios de vida


Tinha bonequinhas em cima de mesas. Tinha lembranças em cima da cama. Fitou olhos inertes, ficou com medo, mas não era o espelho. Era apenas a boneca de biscuit sentada na altura de sua mente. Tão indecisa ali, de cabelos roxos, arrupiados. As mãos estendidas pra frente, como quem pede e sabe que não vai receber. Tal qual, ela estava. Tal qual ela, era um ser perfeitamente moldado.

Tinha uma consciência condicionada. Tinha feridas na mente. Amava o vermelho e o cinza estava ali diante dela. Vergou pensamentos sobre o negror. Contaminou frases, torceu versículos, abraçou ideiazinhas medíocres. Pois que tinha um coração apertado por dúvidas. Eram seres cruéis. Apresentavam-lhe opções, cada qual com sua verdade, decepções, encantamentos. Sentiu inveja do ser inanimado, ali, expressando uma felicidade morna, sorriso de risco. Foi pintar telas eletrônicas com o dedo. Chamavam touch tal intervenção.


Descobriu. Tinha verdades desconhecidas dentro do umbigo. Tinha veredas finitas dentro do vento. Tinha vontades eternas, possivelmente, inalcançáveis. Não queria carinhos tristes com dois pontos e parêntese. Seu fazer era meio encanto cotidiano, como quem vê luz da janela do ônibus e festeja a alegria no vibrar do outro.
Depois se sentiu inerte como a bonequinha de biscuit. Mas ainda era vida, lembrou.

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