sábado, 16 de abril de 2011

Coração roto


















à M. S.

Estava quase ali. Num canto de rua, artéria, baldio. Esperava em frios espasmos, consolo. Fora antes esfaqueado por mãos tão doces, gestos ardis, sentimentos tão verdadeiros. As feridas ardiam em prantos gelatinosos, quase semeadores de um restauro. E ia passando naquela rotina estéril. Chagas haviam adormecido, quando por vez, uma luz pareceu fazer brilhar, quase curar, aquela pobre forma. Uma luz cheia de nomes. Esperança, recomeço, amor, que fosse. Plantaram-se sorrisos na tristeza da lama.


Aquela massa vibrante, dotou-se de vida outra vez, diante da morte que sofrera, e alegre, pôde respirar felicidade. Um novo amor, perspectivas, o que tinha buscado. Durou pouco. Novas convulsões assolaram o corpo pulsante inerte. Voltou a cair-se na penumbra. E aquelas feridas semi-curadas, magoaram-se em ardências mais profundas. Era reavivamento de passados inconsolados. Era de novo um coração pisado, maltrapilho, mendigo. Iria fechar-se em si mesmo dali em diante. Iria aguardar por novas aflições naquela viela de peito. Um peito de mulher aflita. Desilusão.


Situação repetida nos corações femininos, desenganos são puros. Eu já passei, tu já passastes, nós passaremos. Fato. De todo um coração que já se doeu demais, dedico essas palavras não ditas às minhas amigas que moram nesse mesmo coração reformado, reconstruído. E que em cada tempo seu, viram minar seus próprios corações. Caírem, iluminarem-se, adormecerem, palpitarem novamente, refazerem-se.


Há uma especificamente, a quem desejo um tempo mais rápido, reconfortos mais fortes, alegrias mais vastas, oferto meu apoio indescritível. Os enganos são fases amiga minha. Certos homens querem sempre se pôr acima. Sonegam carinho, horas, momentos. Só há que se contar com a fluência do mar da vida. Com essas ondinhas que sabem enjoar e reconfortar ao mesmo tempo as vistas da gente. A certeza é um pedaço de nada. As verdades são moldadas, impositivas. Mas nossos corações, apesar de já rotos, saberão reconhecer, à força das cicatrizes, os sentimentos brilhantes que estão por vir. Estão por vir alegrias. Pra mim, pra ti, pra nós todas. Eu sinto.

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