domingo, 26 de setembro de 2010

Perder ou poupar?

Entendeu depois. Atos falhos, atos certos. O acerto se concretiza no erro. A dor é amadurecimento. O estar com o outro é apenas costume. Que se perde, fácil. Tudo é questão de passar. Dias, meses, novos amores. É também o tempo, lanterna dos afogados de mágoas. Querer o outro somente pra si é tão neo-liberalista. Pensou. A democracia do amor está em rever os conceitos. Cabelo novo, sapato novo, fins de conformismos. Encarar a solidão como processo reconstrutivo inicial, no qual se aprende a ver que os papéis poderiam estar invertidos. E que tudo é uma questão de ponto de vista. Só falta coragem de realizar-se nas ações podidas, nas contas partidas, nas expressões impensadas. Vastidão.

Trair. Buscar outr@ é não mais compartilhar das mesmas idéias. A cama não está mais quente, a vida está descoberta. Se amar é dar proteção, amar mais é livrar do perder, do sofrer, do subjugar. A dita farsa do simulado que poupa dores é apenas a fraqueza de evitar trazer culpas maiores praquele dono de culpas. Arrependimentos sempre existem. No fundo são verdadeiros. Culpa de novo dos preceitos morais, da ética interna. Não são tão fortes. Os impulsos podem mais. Estão certos. Acredite.

Regar-se no sal dos primeiros meses pode sarar feridas. Embora o corte, profundo na perdida verdade, permaneça mais além. Vez ou outra, sangra. Os depósitos de confiança adulterados deixam saldos negativos para futuros novos empréstimos. Todavia a lógica de mercado irá convencer da importância de novas tentativas. Necessidade. Até que outros olhos se batam nos seus, naquele estalido literato musical típico, essa nuvem cumbulus nimbulus continua a assombrar. Demora, ou não. A luz quando vem, seja a mítica da caverna platônica ou mesmo de crepúsculos aberrantes, figura entorpecimentos, redescobrir, recomeçar.

Há que se reavaliar que o perdão não pode ser de plástico. E que a alegria etílica deve se transportar para as melhores desculpas sóbrias. Seja de um lado ou de outro, nesse processo dialético – que é a traição – os pesares são múltiplos, compartilhados. Mas depois se dissolvem. Até a próxima vez. Com a mesma pessoa ou no próximo relacionamento. Cabe o perdão a quem se julgar suficientemente interessado em futuros deslizes. Fato.

Fazer ou não fazer. Pensar no outro, teu até então, que vai doer-se na descoberta, é ter consideração? É correto perder oportunidades, experiências, novas possibilidades de amar?Nessa balança, um vai ficar mal. Pelo menos por um tempo. Tudo é escolha, e acertando ou não, se fez o que tinha de ser feito. Resta a certeza. Não existia nada a perder. Nem relação, nem o outro, nem amor.


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