domingo, 10 de maio de 2009

Posso ser o que for (preciso)


A perder de vista, hão de me encontrar. Em campos áridos, cerrados suntuosos. Num olhar perdido, atropelado na pista, por carros em panning . Na negra volante de um pensamento. No espelho da luz dos cabelos de um vulto. Na maçã mordida. No inseto que corre. Eu sou tua irmã, tua vida, tua lama. Teu próximo. Teu passado. Posso ser teu futuro, em brisa ou tempestades. Posso ser teu amigo ou tua comida. Eu cubro, desnudo. Não sou de plástico, nem sou de ferro. Sou toda a beleza de uma manhã oculta. A feiúra da ferida aberta. A verdade nos lábios do nada. Não sou santa, nem sou louca. Sou única. Plena. Não sou puta, nem sou bicho. Não sou Maria, mas tenho fibras. Posso ser o que for preciso. Sou animal com olhos de amor em brasas. Aquilo que sente. Ser, máquina, momento. Mulher, explosão, ventania.

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